Ela se decidiu.
Depois de uma noite inteira revirando o travesseiro perfumado com o frasco que sua escrivaninha nunca viu, ela saiu.
Uma noite longa pra um pôr do sol que ficou sentado na montanha insistindo em existir, impedindo, existindo.
Pegou o salto mais alto pra elevar a sua dor e o caminho mais longo pra aproveitar todo sabor.
A cara de certezas disfarçam bem as noites mal dormidas.
O tango que não sai da mente compassa os passos incertos, alterados, embriagados.
Nos dedos as cinzas de um amor de papel, um prazer a mais ao léu.
Na boca o batom borrado, marcado, manchado, envenenado.
Hoje o sol não se pôs.
O tempo parou a vida
E você nem me permitiu falar de amor.